Serviço de Difusão

Atrelado à área de Processamento Técnico e Documentação Digital Centro de Memória-Unicamp (CMU) , o serviço de Difusão foi criado em 2020, no âmbito do período pandêmico e que afetou, de forma circunstancial, os atendimentos ao público da maior parte das instituições de acervos culturais. Neste contexto, foi proposto um amplo diagnóstico situacional e, ao mesmo tempo, estratégico de maneiras com que o CMU pudesse continuar desempenhando suas ações como centro de documentação e pesquisa especializada em memória paulista. A primeira avaliação foi construir um espaço específico de externalização da informação qualificada que estivesse para além do serviço de comunicação a ser desenvolvido por arquivos e centros de documentação, estando inserido na dinâmica íntima entre acervo-instituição.

Isso posto, outro fator necessário foi a indicação de quem seriam os perfis de público para os quais a mensagem veiculada pela Difusão incidiria. Assim, tomou-se como desafio a elaboração de produtos com a proposta de construção de um novo e ampliado perfil de público para o CMU, que estivesse além de pesquisadores ou da comunidade que vem em busca de seus direitos - afinal, os arquivos representam sempre um recorte de uma coletividade. Nesta chave apontam-se como perfis a serem atingidos:

a) crianças de diferentes anos do processo educativo, na constatação de que estas tomam contato desde cedo com bibliotecas e museus, mas os arquivos/centros de documentação praticamente desaparecem das dinâmicas educacionais;

b) profissionais de arquivos/centros de documentação, interessados em conhecimentos teóricos e práticos sobre diferentes temas que formam a realidade destas instituições;

c) comunidade em geral, interessada em elementos que dialoguem com suas histórias, memórias e identidades comunitárias;

d) pesquisadores de diferentes níveis que buscam fontes e temas para seus estudos.

As bases para este serviço amparam-se em propostas como a de Marcelo Chaves (2020), que entende que a Difusão corresponde a uma ação especializada em arquivos . Para Chaves, é essencial que as abordagens das publicações de difusão de um arquivo não sejam limitadas a contextualização de documentos do acervo, efemérides, quaisquer outros eventos e/ou assuntos externos à realidade do arquivo. O ideal seria estabelecer uma relação com a identidade do arquivo e os trabalhos realizados na instituição:

Eis o tamanho da responsabilidade da difusão de um arquivo: expor aos mais variados públicos essa riqueza singular e típica dos arquivos que é absolutamente desconhecida. Esses saberes que são próprios e exclusivos dos que se dedicam nas áreas técnicas do arquivo precisam aparecer em todas as modalidades dos produtos e eventos de difusão: publicações, exposições, palestras e seminários, peças de comunicação (sítios eletrônicos, matérias jornalísticas), periódicos e visitas monitoradas (Chaves, 2020, p 86).

A Difusão foi pensada de modo a estar vinculada à identidade da instituição, como parte de sua missão. Neste sentido, a ideia foi entendê-la como uma política que se pautará pela identidade do arquivo e não apenas por efemérides ou pelo calendário cívico-escolar. Assim, é amparada em uma agenda em que o acervo dialogue de forma íntima tanto com os trabalhos técnicos desenvolvidos, ainda que em conversa permanente com acontecimentos externos, quanto com a natureza de ser da instituição arquivística. Em outras palavras, entende-se que a “difusão de documentos sem contexto arquivístico não é difusão de arquivo” (Chaves, 2020, p.88). Outro aspecto a ser também considerado é que o fortalecimento de uma política de Difusão permitirá construir uma maior visibilidade institucional, seja para os gestores como para a comunidade a quem o acervo referencia. 

Tomando estes segmentos, a Difusão pautou-se como um serviço transversal a todas as atividades do CMU, procurando um reposicionamento da marca “Centro de Memória-Unicamp”, especialmente no contexto de sua mudança de sede, e um alinhamento com as metas de extensão e internacionalização propostas como um dos pilares universitários. Com isso, em conjunto íntimo com as áreas de Pesquisa, Atendimento ao Usuário e Processamento Técnico, foram criadas linhas de pesquisa e atuação, a saber:

- curadoria e montagem de exposições físicas e virtuais (especialmente no canal do CMU no Google Arts & Culture);

- produção de publicações seriadas ou não;

- gerenciamento das Redes Sociais institucionais;

- manutenção do Portal de Difusão CMU;

- geração do canal de PodCast do CMU (CMUCast) e de conteúdos em vídeo;

- geração de conteúdo e alimentação do canal do CMU no projeto GLAM-Wiki, em parceria com o Wiki Movimento Brasil;

- produção de eventos (entre os quais o Seminário “Documentação e Conservação de Acervos Culturais”, o Colóquio “Gestão do Patrimônio Cultural” e o Seminário “Acervos Culturais Digitais”)

Um último ponto, porém não menos importante, é o potencial que a Difusão tem em promover diálogos: tanto internos, entre os setores, quando externos com outras instituições. Este último ponto é destacado por Chaves, para o qual a articulação interdisciplinar impõe aos profissionais dos arquivos atuarem como sujeitos a viabilizarem a troca de conhecimentos a partir do saber específico arquivístico. Assim se realiza a produção do conhecimento, na interação com as várias especialidades (Chaves, 2020, p 83-84).

 

Referências

CHAVES, M. O giro conceitual e de prática no programa de difusão do Apesp. In Revista do Arquivo. São Paulo, Ano VI, Nº 10, junho de 2020.

CHAVES, M. O papel da difusão para o fortalecimento da identidade de arquivo. In Revista do Arquivo. São Paulo, Ano VI, Nº 10, junho de 2020.

PARRELA, I. Difusão do Arquivo - comunicação, mediação e ações educativas e culturais. In Revista do Arquivo. São Paulo, Ano VI, Nº 10, junho de 2020.

20240130_085532.jpg Sala de Exposições do Centro de Memória-Unicamp